SE O AMOR É UM SEPULCRO...
Por Rogério Silvério de Farias

Se o amor é um sepulcro...
Eu agora rastejo sozinho 


Pelas vielas sombrias da memória.
O vento trouxe o teu espectro 

E com ele a lascívia ardente


Dos teus beijos de bruxa e vampira,
E a memória me apunhala,
E eu percebo que a vida 
Tornou-se pouco mais que um cemitério 

Onde os mortos sofrem
Lentamente como na marcha das procissões do Inferno.

Se o amor é um sepulcro,
A Lua brilha sempre lá fora
E a noite é um silencioso convite para morrer
De novo e de novo no sonho do amor.
Houve um tempo,
Onde o amor nos unia,
Mas agora apenas o que nos une
É a distância e a melancolia;
O nosso amor virou uma lápide,
E nós dois, mortos-vivos.


Se o amor é um sepulcro...
É sempre assim quando a noite e a lua chegam,
Teu espectro vem na noite das minhas lembranças
Valsando, levitando sobre as águas do passado.
E eu mergulhando, afundando, sempre e sempre,
Para trás, nos meus mares profundos,
Cheios de leviatãs e basiliscos da paixão.

Se amar é navegar por um mar de trevas,
Profundo e revolto,
Se o amor é um sepulcro,
E eu um morto,
Hei de navegar em meu sonho proibido,
A morte é meu derradeiro delírio sofrido,
Minha bandeira é a da pirataria do martírio,
Sou um poeta-morcego sonhador e alado,

Voo no escuro em busca do sangue do amor morto, calado. 

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